Sunday, November 05, 2006

Cinco

Água em meus olhos
Suas costas voltadas para mim
O abraço não é mais união
O abraço é desespero

Água em meus ouvidos
Consolo da verdade
Suas vontades, decifro
Através de uma leitura primária de sua boca

Água em minhas mãos
Nada pára
Matéria efêmera
Assim como você

A água sai e entra de meu nariz
Não sinto
Não sente
Ficamos assim

Água em minha boca
Afanada pelos dedos
Eles que encerram o escândalo
E tornam a me conduzir

Pois não sou eu quem provoca meus gestos
São eles que me provocam.

Sunday, October 22, 2006

A árvore é a minha vida

Às vezes sonho com uma árvore e a árvore é a minha vida.
Um ramo é o homem com quem irei me casar e as folhas, meus filhos.
Outro ramo é meu futuro como escritora. E cada folha é um poema.
Outro ramo é uma brilhante carreira acadêmica.
Mas enquanto fico sentada tentando escolher, as folhas começam a ficar marrons e cair...
Até a árvore ficar completamente nua.

Sylvia Plath

Saturday, October 14, 2006

Memórias do subsolo

Oh, se eu não fizesse nada unicamente por preguiça! Meu Deus, como eu me respeitaria então! Respeitar-me-ia justamente porque teria a capacidade de possuir em mim ao menos a preguiça; haveria, pelo menos, uma propriedade como que positiva, e da qual eu estaria certo. Pergunta: quem é? Resposta: um preguiçoso. Seria muito agradável ouvir isto a meu respeito. Significaria que fui definido positivamente; haveria o que dizer de mim. "Preguiçoso!" realmente é um título e uma nomeação, é uma carreira. (...)

Memórias do subsolo

Fiodor Dostoievski

Sunday, January 29, 2006

as pequenas coisas da vida

(Sem título, por enquanto)

Água fria no quadrado escuro
Quebradiça vermelha na louça rosa
Luz larga para o receptor estreito
Vida branca para o caminho colorido
Pequeno equilíbrio da construção infinita
Contínua libido no inédito armazém
Desentendido movimento nos desformes dentes
...

Paula Vivacqua