Eu poderia existir daquela maneira também
Pede, insiste, ordena
Reclusa na obrigação da obediência, estaria condenada à felicidade
Deixaria de lado a beleza e o certo
Tudo o que me aprisiona nessa ilha de ficção
Lugar isolado onde me encontro e do qual não consigo sair
Mesmo com suas tão belas coisas, a ilha
Suas cores acolhedoras e uma paz silenciosa
Que causam inveja aos enredados na balbúrdia urbana
Mesmo sendo tão bela, a ilha, não furto-me da contemplação do mar à sua volta
O azul infinito que não tenho e que não posso ter
O mesmo mar que convida, é o que mata
Assustador fim de mundo sem fim e que, mesmo assim, chama-me em sonhos e sons
Um convite à bagunça de suas ondas e à falta de ar de sua imensidão
Braçadas intermináveis que me farão desejar mortalmente o desaguar em novas terras
Desejar a sorte e a certeza da terra firme, tal como outrora eu quis
E se sei que tudo será como antes, por que me deixo embebedar por seu chamado?
Pode ser, talvez, que a vida se faça enfim muito menos na inocência ingênua do conforto
Chame-me mais alto e sopre o vento a seu favor
Até que eu não possa mais dizer não
Até que este não não caiba mais em minha boca.
Wednesday, August 07, 2013
Espero
E eu que, nas feiura das minhas vontades, espero resposta sua
Espero, mesmo sabendo que ela não vem e que, caso venha, irá doer
Espero porque te espero
E te espero porque não esqueço
Sua voz é lembrada como apelo
E apelo ao que não vivi para continuar vivendo
Longe ou perto jamais terei você
Se tivesse, não seria
Se não fosse, eu não queria
Porque você é bem mais bonito visto daqui
Do alto de uma lembrança suja
Que se suja na beleza
E é jogada no lixo com a verdade
Espero, mesmo sabendo que ela não vem e que, caso venha, irá doer
Espero porque te espero
E te espero porque não esqueço
Sua voz é lembrada como apelo
E apelo ao que não vivi para continuar vivendo
Longe ou perto jamais terei você
Se tivesse, não seria
Se não fosse, eu não queria
Porque você é bem mais bonito visto daqui
Do alto de uma lembrança suja
Que se suja na beleza
E é jogada no lixo com a verdade
Teus olhos
Águas claras são teus olhos
Na transparência de sua alma
E na profundidade de sua inocência
Mil homens se afogaram
Pois perdidos se atiraram
Águas turvas são teus olhos
E nelas ninguém pode se equilibrar
Vem e vão amantes incertos
E caem desatentos
São dali levados pelo vento
Águas cegas são teus olhos
Errantes, erradas
Se deixam enganar e se punem
Fogem da maré alta
Derrubam barcos e copos
Águas frias são teus olhos
Recebem calor e nada dão em troca
Deixam que vaguem à vontade
Verdades de gelo
À deriva de tua saudade
Na transparência de sua alma
E na profundidade de sua inocência
Mil homens se afogaram
Pois perdidos se atiraram
Águas turvas são teus olhos
E nelas ninguém pode se equilibrar
Vem e vão amantes incertos
E caem desatentos
São dali levados pelo vento
Águas cegas são teus olhos
Errantes, erradas
Se deixam enganar e se punem
Fogem da maré alta
Derrubam barcos e copos
Águas frias são teus olhos
Recebem calor e nada dão em troca
Deixam que vaguem à vontade
Verdades de gelo
À deriva de tua saudade
Thursday, August 01, 2013
Agosto
No mês dos meus 25...
Sou a ansiedade e o desconforto da espera da minha mãe e o primeiro olhar do meu pai
Sou meus primeiros passos, sou um pouco minha irmã e sou a dor das perdas
Sou a infância e a bicicleta, os patins e a saia plissada vermelha daquele uniforme escolar
Sou as mudanças, as brigas, as noites sem dormir
Fotos perdidas, caixas guardadas e dias na praia
Sou eu crescendo e me escondendo, gritando e batendo portas, chorando e desentendendo
Sou minhas músicas preferidas, os filmes que nunca esqueci e minha sensibilidade florescendo
Caminhadas no frio, coturnos surrados e melancolia
Esta sou eu.
Sou quem foi embora, as descobertas e o me perder
Sou solidão.
Indecisões, incertezas e medos
Vontades, desejos, saudades
Sou o acordar preguiçoso, o Sol que bate nas minhas pernas cruzadas e a fumaça do cigarro que eu fumo
Beijos insensatos, abraços medrosos e cheiros que não esqueço
Sou sonho e toda uma vida que se vive amanhã
Sou tudo o que eu quis ser e não fui
Eu não tenho lembranças.
São elas que têm a mim.
Sou meus primeiros passos, sou um pouco minha irmã e sou a dor das perdas
Sou a infância e a bicicleta, os patins e a saia plissada vermelha daquele uniforme escolar
Sou as mudanças, as brigas, as noites sem dormir
Fotos perdidas, caixas guardadas e dias na praia
Sou eu crescendo e me escondendo, gritando e batendo portas, chorando e desentendendo
Sou minhas músicas preferidas, os filmes que nunca esqueci e minha sensibilidade florescendo
Caminhadas no frio, coturnos surrados e melancolia
Esta sou eu.
Sou quem foi embora, as descobertas e o me perder
Sou solidão.
Indecisões, incertezas e medos
Vontades, desejos, saudades
Sou o acordar preguiçoso, o Sol que bate nas minhas pernas cruzadas e a fumaça do cigarro que eu fumo
Beijos insensatos, abraços medrosos e cheiros que não esqueço
Sou sonho e toda uma vida que se vive amanhã
Sou tudo o que eu quis ser e não fui
Eu não tenho lembranças.
São elas que têm a mim.
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