Eu poderia existir daquela maneira também
Pede, insiste, ordena
Reclusa na obrigação da obediência, estaria condenada à felicidade
Deixaria de lado a beleza e o certo
Tudo o que me aprisiona nessa ilha de ficção
Lugar isolado onde me encontro e do qual não consigo sair
Mesmo com suas tão belas coisas, a ilha
Suas cores acolhedoras e uma paz silenciosa
Que causam inveja aos enredados na balbúrdia urbana
Mesmo sendo tão bela, a ilha, não furto-me da contemplação do mar à sua volta
O azul infinito que não tenho e que não posso ter
O mesmo mar que convida, é o que mata
Assustador fim de mundo sem fim e que, mesmo assim, chama-me em sonhos e sons
Um convite à bagunça de suas ondas e à falta de ar de sua imensidão
Braçadas intermináveis que me farão desejar mortalmente o desaguar em novas terras
Desejar a sorte e a certeza da terra firme, tal como outrora eu quis
E se sei que tudo será como antes, por que me deixo embebedar por seu chamado?
Pode ser, talvez, que a vida se faça enfim muito menos na inocência ingênua do conforto
Chame-me mais alto e sopre o vento a seu favor
Até que eu não possa mais dizer não
Até que este não não caiba mais em minha boca.
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