Wednesday, August 07, 2013

Ilha

Eu poderia existir daquela maneira também

Pede, insiste, ordena

Reclusa na obrigação da obediência, estaria condenada à felicidade

Deixaria de lado a beleza e o certo

Tudo o que me aprisiona nessa ilha de ficção

Lugar isolado onde me encontro e do qual não consigo sair

Mesmo com suas tão belas coisas, a ilha

Suas cores acolhedoras e uma paz silenciosa

Que causam inveja aos enredados na balbúrdia urbana

Mesmo sendo tão bela, a ilha, não furto-me da contemplação do mar à sua volta

O azul infinito que não tenho e que não posso ter

O mesmo mar que convida, é o que mata

Assustador fim de mundo sem fim e que, mesmo assim, chama-me em sonhos e sons

Um convite à bagunça de suas ondas e à falta de ar de sua imensidão

Braçadas intermináveis que me farão desejar mortalmente o desaguar em novas terras

Desejar a sorte e a certeza da terra firme, tal como outrora eu quis

E se sei que tudo será como antes, por que me deixo embebedar por seu chamado?

Pode ser, talvez, que a vida se faça enfim muito menos na inocência ingênua do conforto

Chame-me mais alto e sopre o vento a seu favor

Até que eu não possa mais dizer não

Até que este não não caiba mais em minha boca.





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